O concílio de Calcedônia e o Papado

Por volta de 448 d.C, um velho monge bizantino, Eutiquês, que havia sido um aliado zeloso de São Cirilo de Alexandria, no Concílio de Éfeso, tornou-se rígido e inflexível em suas opiniões a respeito da Encarnação. Ele argumentou que a natureza divina de Cristo absorveu Sua natureza humana e essa Sua natureza humana deixou de existir, dando assim origem à heresia do monofisismo.

Esta doutrina herética se espalhou por toda a Igreja do Oriente, e forçou São Flaviano, Patriarca de Constantinopla, chamar um sínodo local para condená-la. No entanto, Eutiques recusou a se submeter ao sínodo, apelando o seu caso ao Papa Leão I.

Isto é o que ele escreveu: Continuar lendo

São Gregório condenou o título de Bispo Universal?

Anda circulando na internet, em livros e folhetos protestantes, há muito tempo, uma tal citação de São Gregório Magno condenando o bispado universal, que é devido ao bispo de Roma, e colocando este como um título espúrio e horrível, o trecho atribuído a ele é o seguinte:

“Aquele que quer fazer-se chamar pontífice universal torna-se pelo seu orgulho o precursor do anticristo; nenhum cristão deve tomar este nome de blasfémia” (Greg. Ep. Liv. VI, 80: citado por Puaux em Anatomia del papismo, Firenze 1872, pag. 65)

Vejamos algumas ponderações:

1º Já vemos que a referencia do texto não são diretas aos textos de São Gregório, mas sim referencia a um livro de um autor qualquer.

2º Este texto não passa de nada mais do que uma adulteração grosseira de uma citação de São Gregório, que nunca condenou o Título.

3º As pessoas, que citam tal coisa, possuem uma profunda ignorância sobre patrística, não sabem ao menos quem foi São Gregório, o que falou, nem muito menos o que ele escreveu a respeito do Bispo universal.

4º A referencia (Greg. Ep. Liv. VI, 80) apontada na supracitada passagem, não pode se quer ser encontrada nos escritos de São Gregório, confesso que procurei e não achei em nenhum dos livros dele, o livro VI só chega ao capítulo 66. Ou seja 66 é menor que 80, logo não tem como estar neste livro. Continuar lendo

Pedro e o Papado

No Novo Testamento podemos encontrar ampla evidência de que Pedro foi o primeiro em autoridade entre os apóstolos. Cada vez que os apóstolos são nomeados, Pedro encabeça a lista (Mt 10,1-4; Mc 3,16-19; Lc 6,14-16; At 1,13); algumas vezes aparece somente “Pedro e aqueles que estavam com ele” (Lc 9,32). Pedro era o primeiro que geralmente falava em nome dos apóstolos (Mt 18,21; Mc 8,29; Lc 12,41; Jo 6,69), e aparece em muitas cenas dramáticas (Mt 14,28-32; Mt 17,24, Mc 10,28).

Em Pentecostes, Pedro foi o primeiro que predicou à multidão (At 2,14-40), e foi Pedro que realizou a primeira cura milagrosa na nascente Igreja (At 3,6-7). Também foi a Pedro a quem veio a revelação de que os Gentis foram batizados e aceitos como cristãos (At 10,46-48).

Sua preeminente posição entre os apóstolos estava simbolizada no próprio princípio de sua relação com Cristo. Em seu primeiro encontro, Cristo disse a Simão que seu nome seria mudado para Pedro, que é traduzido como Rocha (Jo 1,42).

O fato é que – além da única vez que Abraão é chamado “rocha” (Hebraico: sur; aramaico: Kefa) em Isaías 51,1-2 – no Antigo Testamento somente Deus era chamado de rocha. Na antigüidade, a palavra rocha não era usada como nome próprio. Se você se dirige a um companheiro e lhe diz: “De agora em diante teu nome é Aspargo”, as pessoas se surpreenderão. Por que Aspargo? Qual é a intenção disto? Que é que isto significa? Então, por que chamar “Rocha” a Simão, o pescador? Cristo não estava fazendo isto sem sentido, e tampouco os judeus, quando davam um nome. Continuar lendo

Pedro, a Rocha II (Testemunhos Patrísticos)

Está é a continuação da Matéria sobre Pedro com mais de uma centena de testemunhos patrísticos confirmando que a interpretação de Mateus 16, 18 em todos os séculos da Igreja foi sempre a mesma até os dias de hoje, também citarei aqui as definições dos concílios de Nicéia I, Éfeso, Calcedônia para matar de vez qualquer objeção tanto contra interpretação da passagem quanto da Primazia Jurisdicional Romana em virtude da Função de Pedro, pelos dos pais da Igreja! Vamos dividir essa segunda parte em 3 partes menores para a leitura não ficar maçante e o leitor poder aproveitar o máximo dos escritos dos Santos Padres.

Uma história alternativa e por que não mitológica tem se propagado dentro do protestantismo, e é a afirmação que os Padres da Igreja não reconheciam o primado de Pedro e, portanto, não tinham o Bispo de Roma como seu sucessor. Para sustentar esta versão da história os protestantes recortam e truncam uma série de citações patrísticas com a intenção de provar que a exegese da Igreja católica de Mateus 16,18 (Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja) é oposta ao consenso unanime dos Pais da Igreja. Ainda proferem a asneira de que os padres não reconheciam o primado de Pedro, e que ele era nada mais do que qualquer um dentre os apóstolos.

Um exemplo disto é um artigo que se encontra em um site protestante que se chamado “Conhecereis a verdade” (será?) que é a tradução de um artigo de um médico argentino chamado Fernando Saraví, onde se utiliza a seguinte linha de raciocínio:

“1. Segundo as declarações oficiais do Magistério da Igreja, o consenso dos Pais é um critério fundamental da correta interpretação das escrituras.

2. Este mesmo Consenso se opõe a interpretação católica de Mateus 16, 18, e eles afirmam que Jesus não se referiu a Pedro como a Pedra, e sim profissão de Fé de Pedro ou ao próprio Jesus.

3. A Igreja Católica Romana  não se ajusta no que ela mesma define, a saber, evitando interpretar as Escrituras fora o consentimento unânime dos Padres da Igreja, pois vários padres dizem que a rocha era a confissão de pedro…” Continuar lendo